terça-feira, 14 de agosto de 2012

Abhyanga – Rotina de Auto-Massagem

(Trecho traduzido e adaptado por mim, extraído da página da dra. Claudia Welch)


     "Através da massagem com óleo diária a pessoa recebe um toque agradável, partes do corpo em boa forma, além de tornar-se forte, encantadora e pouco afetada pela idade avançada." (Charaka Samhita Vol. 1, V: 88-89)



• Ponha cerca de 1/2 xícara de óleo numa garrafa de apertar. Certifique-se de que o óleo não esteja rançoso.
• Ponha a garrafa de óleo numa panela com água quente até que o óleo esteja agradavelmente morno.
• Sente ou ponha-se em uma posição confortável em um quarto cálido, com uma toalha que você não se importe em arruinar com o acúmulo de óleo. Certifique-se de estar protegido de qualquer tipo de vento.
• Aplique o óleo ao corpo inteiro.
• Massageie o óleo em todo o corpo, começando pelas extremidades e trabalhando em direção ao meio do corpo. Use manobras longas nos membros e manobras circulares nas juntas.
• Massageie o abdomen e o peito em largos movimentos horários. No abdomen, siga o caminho do intestino grosso; movendo para cima no lado direito do abdomen, então através, então abaixo pelo lado esquerdo. Massageie o corpo de 5 a 20 minutos com amor e paciência.
• Dê um tempinho extra e atenção à massagem do óleo na cabeça, orelhas e pés, pelo menos uma vez por semana. Aplique óleo na coroa de sua cabeça (adhipati marma) e manipule lentamente dali em movimentos circulares. O óleo aplicado na cabeça deve ser morno mas não quente. Ponha algumas gotas de óleo morno na ponta do seu dedinho ou em um cotonete e aplique na entrada do seu canal da orelha (Se houver qualquer desconforto corrente ou crônico nas orelhas não faça isso sem a recomendação do seu profissional de saúde escolhido).
• Depois que massagear os pés, cuidado para lavá-los antes de entrar no chuveiro para não escorregar.
• Aprecie um banho ou ducha morna.
• Pós para Vata, Pitta ou Kapha podem ajudar a retirar o óleo sem ressecar a pele.
• Pode-se usar um sabonete suave nas áreas "estratégicas".
• Cuidado para lavar seus pés antes de entrar no banho para evitar quedas.
• Quando sair do banho, use uma toalha seca. Mantenha uma toalha especial para se secar após a abhyanga pois ela pode eventualmente ficar arruinada devido ao acúmulo de óleo.
• Ponha um par de meias de algodão (orgânico, se você conseguir achá-las) para proteger o meio-ambiente do óleo residual nos seus pés.
• Aplique um óleo essencial apropriado ao seu dosha nos punhos e no pescoço.
• Aprecie.

(Nota: o resto desse artigo é um trecho tirado diretamente de "Equilibre Seus Hormônios, Equilibre Sua Vida", da dra. Claudia Welch)

Quando ou como não fazer Abhyanga

• Sobre áreas ou massas do corpo inchadas ou dolorosas, sem o conhecimento e o consentimento de seu profissional de cuidados de saúde preferido;
• Sobre pele infectada ou quebrada;
• Quando há alta quantidade de ama (toxinas, normalmente indicadas por uma cobertura grossa e branca sobre a língua), grande desconforto físico ou doença aguda. É melhor checar com seu profissional de Ayurveda para ver se você tem alguma contra-indicação antes de praticar abhyanga.
• Quando se tem febre aguda, calafrios ou gripe.
• Quando se tem indigestão aguda, ou diretamente após tomar medicamentos eméticos ou purgativos.
• Quando se tem uma condição médica, a menos que o seu profissional cuidador de saúde diga que está bem fazer abhyanga.
• Durante o ciclo menstrual. Algumas mulheres não gostam de parar de fazer abhyanga durante seus ciclos. Se você escolher fazer durante seu ciclo, é melhor apenas aplicar óleo suavemente e por apenas 5 minutos.
• Durante a gravidez.

Dicas de Lavagem, Limpeza e Encanamento

     Algumas pessoas param de fazer abhyanga porque contam que suas toalhas ou lençóis estão ficando rançosos e arruinados, seu encanamento está ficando entupido e seu piso do box está ficando grudento por causa do acúmulo de óleo. Outros persistem e tentam achar um jeito  de contornar esses problemas.
     Uma de minhas pacientes contou que suas toalhas estavam ficando arruinadas. Eu perguntei a ela se tinha parado de fazer abhyanga por causa disso. Ela riu e disse "Ei, é melhor arruinar as minhas toalhas ou a minha vida? Não é uma questão de escolha". Se você não optar por qualquer um dos dois, tente essas dicas: tenha uma toalha para sentar enquanto estiver aplicando o óleo e uma que você vai usar somente para se secar depois do chuveiro. A primeira ficará arruinada mais rápido. A segunda também, eventualmente, mesmo com as melhores técnicas de lavagem.
     Perguntei a Susan, uma amiga massoterapeuta, o que ela faz para manter limpos seus lençóis. Ela adiciona algumas colheres de sopa de vinagre e bicarbonato de sódio na água quente assim que a bacia tiver enchido. Ela me disse que essa pode ser uma mistura volátil quando combinada e pode corroer os canos assim como limpa o óleo. Porém, quando adicionada à água da lavagem, a mistura corrosiva já terá parado sua ação destrutiva quando for a hora de drenar a lavagem. Há alguns produtos comerciais que Susan também usou, sobre os quais ela leu em uma revista de massagem. Eles funcionaram, mas ela não se importou com o cheiro. Se você não consegue tirar todo o óleo, pode planejar trocar seus lençóis ou toalhas umas duas vezes por ano.
     Ainda que seja ideal praticar a abhyanga pela manhã, algumas pessoas não têm tempo e preferem fazer isso à noite antes de dormir, para acalmar-se. Se você é uma dessas pessoas, use um conjunto "especial" de roupas de dormir de fibra natural por pelo menos uma hora depois do chuveiro, depois da abhyanga. Elas irão absorver a maior parte do óleo remanescente na sua pele. E, se você tiver óleo ainda no cabelo, proteja o seu travesseiro com uma toalha.
     Tenha sempre uma garrafa de detergente dentro do seu box ou banheira. Quando você terminar o banho, jogue um pouco do produto no chão do box ou da banheira e espalhe-o em volta com os pés, como que esfregando o chão. Ligue o chuveiro ou a água e deixe lavar e levar tudo pelo ralo. Fazendo isso sempre que você praticar abhyanga irá prevenir o acúmulo de óleo. E se o seu equilíbrio é precário, o chão do box é escorregadio ou se você tiver medo de cair, segure-se firmemente a algo estável quando for realizar esses procedimentos. Ou peça a alguém para fazer isso, ou ache algum outro modo de manter o chão limpo. Por favor não caia e se machuque. Isso iria destruir nosso propósito.
     Quando você lava toalhas ou lençóis oleosos, há um risco de eles pegarem fogo se estiverem oleosos ou quentes demais. Se uma toalha está oleosa demais, é melhor jogá-la fora. Se você secar esses tecidos em um secador, é melhor usar o modo de calor baixo. Não deixe toalhas oleosas em um carro quente. Conheço o caso de alguém que estava indo lavar um monte de lençóis e toalhas oleosas de um spa, mas deixou as peças em um carro no sol quente dentro do carro com as janelas fechadas e os tecidos tiveram combustão espontânea, causando danos pelo fogo ao interior do carro.
     Use um pouco de um limpador de ralo amigável ao meio-ambiente pelo menos uma vez por mês. Tenho ouvido que água fria, usada com um sabão que derreta em água fria, leva o óleo a se agrupar e ser lavado tubulação abaixo, melhor do que com água quente, que mantém o óleo liquefeito e aderente ao encanamento. Ainda não tentei isso, mas é bom investigar.

domingo, 12 de agosto de 2012

Abhyanga: Massagem Ayurvédica com Óleo

(trecho traduzido e adaptado por mim, extraído da página da dra. Claudia Welch)


     "O corpo de quem usa massagem com óleo regularmente é em geral menos afetado mesmo se for sujeito a lesões acidentais ou esforço vigoroso. Através da massagem com óleo diária a pessoa recebe um toque agradável, partes do corpo em boa forma, além de tornar-se forte, encantadora e pouco afetada pela idade avançada."
(Caraka Samhita Vol. 1, V: 88-89)
      "A abhyanga deve ser empregada diariamente nos casos de velhice, grande esforço físico e agravação de Vata."
(Ashtanga Hrdayam: Sutrasthana:II:8-9)

     Abhyanga é a ação de untar o corpo com óleo. Muitas vezes medicado e geralmente morno, o óleo é massageado no corpo inteiro antes de um banho. Pode ser benéfico para a manutenção da saúde e usado como tratamento para certas desordens. Abhyanga pode ser incorporada em uma rotina apropriada para quase todo mundo.

     A palavra em sânscrito sneha significa tanto "olear" como "amar", e os efeitos da abhyanga são similares aos efeitos da saturação com o amor. Ambas as experiências podem levar a um profundo sentimento de estabilidade, calor e conforto. Sneha-óleo e amor é sukshma, ou "sutil". Isso permite a sneha atravessar os canais mais diminutos do corpo e penetrar em camadas profundas nos tecidos.

     Ayurveda ensina que há 7 tecidos no corpo, os dhatus. Cada um é sucessivamente mais concentrado e doador de vida. Também aprendemos que para que os efeitos de sneha atinjam a camada mais profunda, deve ser massageado no corpo por 800 matras - aproximadamente 5 minutos. Se considerarmos que o corpo inteiro precisa dessa forma de atenção, uma massagem de 15 minutos é uma quantidade mínima de tempo.

Benefícios da Oleação Externa
(resumidos de: Caraka Samhita, Sushruta Samhita e Ashtanga Hrdayam)

Benefícios da aplicação de óleo ao corpo (Abhyanga):
• produz suavidade, força e traz cor ao corpo;
• decai os efeitos do envelhecimento;
• concede boa visão;
• nutre o corpo;
• aumenta a longevidade;
• beneficia o sono;
• beneficia a pele;
• reforça a tolerância do corpo;
• transmite firmeza aos membros;
• transmite tônus e vigor aos dhatus (tecidos) do corpo;
• Estimula os órgãos internos do corpo, melhora a circulação;
• Pacifica Vata e Pitta e harmoniza Pitta.



Benefícios da aplicação de óleo no escalpo (Murdha taila)
• Faz o cabelo crescer luxuriante, denso, suave e brilhante;
• Suaviza e revigora os órgãos dos sentidos;
• Remove rugas faciais.



Benefícios da aplicação de óleo nas orelhas (Karna puran)
• Beneficia desordens do ouvido que ocorrem devido ao aumento de Vata;
• Beneficia o pescoço rígido;
• Beneficia a rigidez no maxilar.





Benefícios da aplicação de óleo nos pés (Padaghata)
• Alívio da rispidez, da rigidez, aspereza, fatiga e entorpecimento dos pés;
• Força e firmeza dos pés são alcançadas;
• A visão é aumentada
• Vata é pacificado;
• A ciática é beneficiada;
• Veias e ligamentos locais são beneficiados.



     "A massagem de sneha (óleo) no organismo humano transmite tônus e vigor a seus princípios raiz (Dhatus), da mesma forma como a água provê às raízes de uma árvore ou planta os elementos nutrientes necessários e promove seu crescimento, quando vertida no solo em que cresce. O uso de sneha no banho leva sneha a penetrar no sistema através das bocas das veias (siras) e dutos (dhamanis) do corpo, assim como através das raízes dos cabelos, portanto suavizando e revigorando o corpo em sua própria essência.
Sob as circunstâncias, massagens e unções do corpo com óleo ou manteiga clarificada deveriam ser prescritos por uma pessoa inteligente levando-se em consideração o hábito de cada um, simpatia e temperamento e ao clima e à estação do ano, assim como à preponderância de algum dosha ou doshas desequilibrados na constituição física de cada um."
(Sushruta Samhita, Chikitsa Sthanam: XXIV:29-32)



     Estas passagens esclarecem que devemos considerar nossa Prakriti (constituição), Vikriti (condição atual) e nosso ambiente externo ao decidir que óleos são melhores para nós e com que frequëncia nós devemos realizar abhyanga.

     É benéfico seguir um tipo particular de abhyanga dosha-pacificante  se aquele dosha está alto no momento. Por exemplo, se você está nervoso, ansioso, seu coração está correndo e você sente frio e calor, sua Vikriti é provavelmente alto Vata; usar um óleo para pacificar Vata na abhyanga será o mais benéfico. Se não há nenhum dosha desequilibrado no momento, é bom considerar os doshas dominantes na sua Prakriti e o meio-ambiente, inclusive a atual estação e o clima.
     Por exemplo, se você está se sentindo saudável, mas sabe que seu Pitta é seu dosha dominante, e o tempo está quente e úmido, será provavelmente bem melhor escolher um óleo para pacificar Pitta. Se você ainda não está certo sobre que Prakriti ou que Vikriti você tem, você pode procurar um terapeuta ayurvédico. Se isso não é uma opção pra você, tente fazer algum dos testes de Prakriti ou Vikriti que há disponíveis em páginas na internet.*

*
Teste da Clínica de Ayurveda
   Teste do IBRATA
   Teste do Ayurvedic Institute (dr. Vasant Lad, em inglês - PDF)

sábado, 11 de agosto de 2012

Sattva, Rajas e Tamas – o que são os Gunas?

     Os Gunas, Sattva, Rajas e Tamas, são atributos da energia física primordial gerada a partir da união de Prakruti e Purusha. Tal conceito remonta à Filosofia Samkhya da Criação.
"Purusha é a energia masculina, enquanto Prakruti é a feminina. Purusha é sem forma, sem cor e ainda sem atributos, além de não ter uma participação ativa na manifestação do universo. Essa energia é consciência sem escolha, passiva.
     Prakruti tem forma, cor e atributos: é consciência com escolha, é Vontade Divina, Aquela que deseja tornar-se muitas. O universo é a criança nascida no útero de Prakruti, a Mãe Divina. Prakruti gera todas as formas no universo, enquanto Purusha é a testemunha dessa criação. É energia física primordial, contendo os três atributos, ou gunas, encontrados em toda a natureza, o cosmos em evolução." (Vasant Lad)



     Os Gunas, ou atributos da substância universal, são já muito bem explicados, belamente ilustrados e caracterizados no Bhagavad Gita: "... O Universo é o grande ventre materno no qual lanço as sementes de todas as coisas, e delas, ó filho da terra, procedem todos os seres vivos de qualquer espécie.Pois, toda vez que nasce um ser, seja em que forma for, sou eu, o espírito do pai, que lhe dou vida, deitando as sementes das quais as formas nascem. Sattva, iluminação, Rajas, atividade, e Tamas, passividade - são os três poderes que nascem da Natureza e prendem o espírito infinito a este mundo finito. Desses três, Sattva, por ser puro e luminoso, possui o som de dar alegria e beatitude à alma livre de pecado e fascinada pela verdade. Rajas, porém, a paixão que cria cobiça, empolga a alma pelo apego às obras. Tamas nasce da ignorância e é causa da auto-ilusão em todas as coisas - um nada que domina o mundo inteiro e liga a alma pela inércia da passividade."
      "Dessa forma, Sattva produz felicidade; Rajas gera atividade e desejo de conhecer; e Tamas resiste à luz da sapiência pelas trevas da insipiência. Às vezes, Sattva prevalece sobre Rajas e Tamas; e às vezes Tamas sobrepuja os dois, Sattva e Rajas. Quando perecem a luz do conhecimento e a força da cobiça, resta Tamas. Quando Tamas e Sattva se apagem, continua a arder Rajas. Mas, quando a luz divina penetra todas as faculdades do teu ser, ó Arjuna, então sabe que Sattva atingiu em ti na maturidade. Quando desejos, cobiça, ganância, ambição e dinamismo externo perturbam o sossego da tua alma, então sabe que Rajas te governa. Quando estupidez, inércia e arrogante ignorância, erro, incerteza e superstição se apoderarem de ti, então Tamas se avassalou.(...) O que procede de Sattva é luz e pureza; de Rajas nascem torturas; e Tamas gera ignorância. Sabedoria é filha de Sattva, cobiça é produto de Rajas; ilusão e ignorância vêm de Tamas. Os que vivem à luz de Sattva pairam nas alturas da consciência do Eu divino; os que vivem dominados por Rajas guiam-se pela consciência do ego mental; e os que vivem em Tamas só conhecem a vida corporal."
     "Quando o homem de visão espiritual compreende como nele se revelam essas forças da Natureza, e sabe o que existe para além delas, então ele entra na minha liberdade. Então deixa de ser o autor das obras que realiza no plano da Natureza; liberto de nascimento e morte, de pecado, sofrimento e velhice, bebe as águas vivas da imortalidade." ("Bhagavad Gita")



      "Os três princípios vitais governam as funções físicas e mentais do corpo. Para haver equilíbrio de mente e corpo é essencial que haja um equilíbrio destes três princípios vitais. Em nível de pensamento e psiquê, é essencial um equilíbrio entre as três qualidades de Prakruti, isto é - SattvaRajas e Tamas -, para manter a harmonia com o ritmo cósmico. Estas três qualidades são responsáveis pelos três estados psíquicos diferentes quase que da mesma maneira que elas representam as três características da Substância Cósmica. Estas qualidades estão presentes em todos os aspectos da vida." (Vinod Verma)

     "Os três gunas são Sattva (essência), Rajas (movimento) e Tamas (inércia). Esses três são o fundamento de toda a existência. Estão contidos em equilíbrio em Prakruti. Quando esse equilíbrio é perturbado, há uma interação dos gunas que impulsiona a evolução do universo.
A primeira manifestação de Prakruti é o Intelecto Cósmico. Do Mahad é fomado o Ego (Ahamkar). Então o Ego se manifesta nos cinco sentidos (tanmatras) e nos cinco órgãos motores com a ajuda de Sattva, criando assim o universo orgânico. Posteriormente, o mesmo Ego manifesta-se nos cinco elementos básicos (bhutas) com o auxílio de Tamas, para criar o universo inorgânico.
Rajas é a força ativa, vital da vida no corpo, que movimenta tanto o universo orgânico quanto o inorgânico, para Sattva e Tamas, respectivamente. Assim,Sattva e Tamas são energias potenciais inativas, que necessitam da força ativa e cinética de RajasSattva é potencial criativo (Brahma); Rajas é força cinética protetora (Vishnu); e Tamas é força potencial destrutiva (Mahesha). Criação, Proteção e Destruição são as três manifestações do primeiro som silencioso cósmico, aum, que está agindo constantemente no universo." (Vasant Lad)

Características resumidas dos gunas:

• Sattva
 - qualidade de inteligência, virtude, harmonia e equilíbrio;
 - possui a qualidade da leveza e da luminosidade;
 - fornece felicidade, contentamento e paz;
 - promove introspecção, auto-conhecimento e espiritualidade;
 - Sattva puro leva à transcendência
 - tem movimento centrípeto (para dentro) e ascendente (para cima).

• Rajas
 -  possui a qualidade da agitação, atividade e desequilíbrio;
 - é motivado pela ação que busca um fim que leva ao poder;
 - é um movimento para fora;
 - a ação é egoísta ou "umbigocêntrica";
 - a busca é pelo prazer nas paixões, nos sentidos;
 - pode gerar emoções desequilibradas e levar a conflitos.

• Tamas
 - tem qualidade de inércia, embotamento, escuridão e ignorância;
 - funciona como a gravidade, com movimento descendente;
 - promove ilusão, sono e perda da consciência;
 - é pesada, obscura e estagnada;
 - promove fadiga, falta de energia e depressão.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O Processo de Desenvolvimento da Doença

Kriyakala - A Doença Segundo o Ayurveda

     O Ayurveda divide o processo de adoecimento em 6 estágios, chamados de Kriyakala: acúmulo (Sanchaya), agravamento (Prakopa), transbordamento (Prosara), relocação (Sthana Samsraya), manifestação (Vyakti) e diferenciação (Bheda).
     Os dois primeiros estágios ocorrem no sistema digestivo - Kapha, no estômago; Pitta, no intestino delgado; e Vata, no cólon. Segundo o Ayurveda, é muito importante manter o desequilíbrio do dosha em seu lugar de origem, o sistema digestivo, e tentar não deixar o processo avançar além dos 2 primeiros estágios.



I. O estágio de acúmulo, ou Sanchaya, se caracteriza pelo aumento do dosha no seu lugar preferencial. 
     Excesso de Kapha no estômago cria um bloqueio no sistema que leva à lassidão, sensação de peso, palidez, inchaço e indigestão. A acumulação de Pitta cria sensações de queimação, febre, hiperacidez, gosto amargo na boca e raiva. E o excesso de Vata gera gases, distenção, constipação, secura, medo, fadiga, insônia e o desejo por coisas cálidas.
     Não há sinais nem sintomas expressivos, a não ser pequenos desconfortos, e nesta fase todos os desequilíbrios podem ser resolvidos.

II. No estágio do agravamento, ou Prakopa, o acúmulo que não foi cessado provoca o agravamento do excesso de dosha e este deixa seu local no trato gastrointestinal.
     O agravamento de Kapha causa perda de apetite, indigestão, náusea, salivação excessiva, sensação de peso no coração e na cabeça e excesso de sono. Pitta agravado causa acidez aumentada, sensações de queimação no abdomen, baixa vitalidade ou insônia. O agravamento de Vata resulta em dores e espasmos no abdomen, sons nos intestinos e delírios. 
     Os sinais do dosha agravado ficam mais evidentes.

III. No estágio do transbordamento, ou Prosara, o dosha agravado em excesso no lugar de origem começa a invadir os tecidos, em especial os mais enfraquecidos, utilizando diferentes canais de transporte. Os doshas começam a transbordar no TGI e logo em seguida juntam-se à circulação do plasma e do sangue. Durante a circulação, os doshas então começam a se infiltrar nos órgãos, tecidos e excreções. Nesta fase, os sintomas no lugar de origem continuam a piorar, mas também podem mudar e há dificuldade de se detectar o que está errado no organismo.

     Quando há redução, remissão ou alívio nos desequilíbrios, dá-se o que é chamado de Prashama. No entanto, quando o alívio não ocorre, os diversos fatores continuam atuando (através do biotipo, alimentação, ambiente ou estados emocionais) e tendem a agravar cada vez mais a situação até chegar ao estágio de transbordamento.
     O processo de adoecimento é interrompido sem causar danos ao sistema se os doshas forem pacificados num destes 3 estágios. É mais fácil retomar o equilíbrio constitucional antes que os doshas em excesso atinjam os tecidos. Um, dois ou os três doshas podem estar agravados ao mesmo tempo. Mesmo que os sintomas iniciais sejam devidos a apenas um dosha, a permanência do desequilíbrio pode levar ao desequilíbrio dos outros dois. Dessa forma, uma doença mais complexa começa a se desenvolver.
     Os estágios tardios da doença começam na quarta fase, quando o dosha em excesso transborda e encontra um ponto fraco em um dos 7 tecidos (dhatus), instalando-se aí. Neste ponto, o primeiro sinal de alarme da doença é sentido e começamos a nos conscientizar de que nossa saúde está debilitada.
     De acordo com o Ayurveda, os tecidos podem apresentar-se com pontos fracos por diversos fatores: causas hereditárias, traumas físicos ou psicológicos, emoções não resolvidas ou reprimidas, vícios, infecções e/ou doenças anteriores, por ações e atitudes nesta vida ou em vidas passadas e, finalmente, por um estilo de vida inadequado.
     O quarto estágio do adoecimento só tem lugar se houver um ou mais tecidos enfraquecidos. Se não houver, o dosha em excesso volta para a circulação sem causar danos adicionais. Quando o quinto estágio é alcançado, a doença estabelece uma raiz e o tratamento adequado é necessário. No último estágio, o excesso de dosha num determinado tecido leva ao enfraquecimento geral do organismo e, a menos que o dosha seja pacificado, ele transbordará para outros tecidos.

IV. No quarto estágio, a relocação, ou Sthana Samsraya, há o depósito do dosha em excesso no primeiro tecido que apresentar-se enfraquecido. Aqui é quando doenças específicas começam a se desenvolver. Por exemplo, um mal de Vata pode mover-se para os ossos e começar a criar artrite. Se o duodeno está fraco, os doshas se depositam lá e criam uma úlcera (em geral, uma condição de Pitta). Já Kapha move-se para órgãos como os pulmões. O dosha depositado combina-se com o tecido e com ele é produzido, assim como seus subprodutos, todos de qualidade inferior. Há produção de toxinas.

V. No estágio da manifestação, ou Vyakti, como efeito do depósito do dosha em excesso no tecido, no estágio 4, a doença se torna bem desenvolvida e começa a produzir todo tipo de sinais e sintomas clínicos. Aqui os desequilíbrios ganham nomes tais como bronquite, artrite, etc. Há a necessidade de controle da doença pela supressão dos níveis excessivos do dosha desequilibrado. Num primeiro momento, é recomendado Panchakarma e/ou tratamento com plantas medicinais. Depois, outras medidas complementares são necessárias para prevenir a recorrência da doença.

VI. No estágio da diferenciação, ou Bheda, o excesso do dosha rompe a integridade do sistema e surgem complicações. Os sintomas tornam-se, porém, suficientemente claros para que a causa elementar possa ser determinada. Por exemplo, asma de Vata irá causar pele seca, constipação, ansiedade, ataques ao amanhecer e o desejo por aquecimento. A asma Pitta irá mostrar fleuma amarelado, febre, suores e ataques ao anoitecer e à meia-noite. Já a asma criada por Kapha criará fleuma pálido, água nos pulmões e ataques durante a manhã e ao anoitecer.
     A doença atual pode se resolver, porém facilitando sua recorrência futura ou sua permanência, "adormecida", até que surjam condições propícias para que se manifeste outra vez. Mesmo quando o excesso do dosha é pacificado, o corpo torna-se mais fraco, o que exige uma atenção permanente. Se o dosha não é pacificado, o seu excesso move-se e fixa-se em outros tecidos, onde originará outras ramificações da doença.

Ama, as Toxinas

     Ama, segundo o Ayurveda, é o material parcialmente digerido que é produzido em uma digestão incompleta e que, se não for eliminado regularmente, torna-se tóxico e espalha-se pelo organismo causando vários tipos de distúrbios. Seus atributos lembram os de Kapha: pesado, frio, espesso e pegajoso. Pode ser também considerado o produto de excreção da digestão que não deveria estar presente no organismo, uma vez que este não tem um mecanismo específico para sua eliminação. Por essa razão, Ama não é considerado como um dos malas.
     Ama é produzido quando agni, o fogo gástrico, é prejudicado devido a um desequilíbrio no tridosha e o metabolismo fica drasticamente afetado. A resistência e o sistema imunológico do corpo são danificados. Os componentes da comida não são digeridos nem absorvidos, acumulam-se no intestino grosso e transformam-se na substância heterogênea, mal-cheirosa e pegajosa chamada de ama, que obstrui os intestinos e outros canais, como os capilares e vasos sanguíneos.
     Finalmente, passa por muitas transformações químicas, criam as toxinas, que são então absorvidas pelo sangue e entram na circulação geral. Eventualmente, acumulam-se nas partes mais fracas do corpo, onde criam contração, constipação, estagnação e fraqueza dos órgãos, reduzindo o mecanismo imunológico dos respectivos tecidos. Por fim, uma condição de enfermidade manifesta-se nos órgãos afetados e é identificada como patologia.
     A raiz de toda doença é ama, e há muitas causas para o seu desenvolvimento. Por exemplo, sempre que alimentos incompatíveis forem ingeridos, agni será diretamente afetado como resultado das toxinas, ou ama, criadas por essa comida precariamente digerida.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Horas do dia e o tempo das estações

(Texto traduzido e adaptado por mim, extraído do livro "Ayurvedic Cooking for Self-Healing", de Usha & Vasant Lad)


     O relógio biológico do corpo é regulado pelos doshas. O tempo de atividade máxima de Kapha é de manhã cedinho ou à tardinha, de 6 às 10 da manhã e de 6 às 10 da noite. O período Pitta é o meio dia e a meia noite, de 10 da manhã a 2 da tarde, de 10 da noite a 2 da manhã. As horas de Vata são o pôr do sol e a aurora, de 2 a 6 da manhã e de 2 a 6 da tarde.
     De forma que uma doença tipo Pitta, como úlcera, possa causar desconforto tarde da noite na hora pitta do relógio biológico. O contrário também é válido: a experiência de uma dor aguda na região do estômago tarde da noite pode significar úlcera ou outra agravação do tipo Pitta.
    Após a comida ser ingerida, ela passa por vários estágios de digestão, cada um envolvendo um dosha específico. Digerir uma refeição grande leva de 6 a 8 horas. Por aproximadamente 2 horas e meia após a ingestão, o dosha dominante é Kapha, que é associado ao estômago. Aproximadamente 2 horas e meia depois, Pitta é o dosha dominante. Esse período e o dosha são associados com o intestino delgado, onde a bile e enzimas intestinais estão agindo. Enfim, a digestão é completada no cólon, o sítio predominante de Vata, onde a absorção e a eliminação ocorrem. Este estágio é um tempo de dominância Vata. O gás, uma qualidade de vata, irá ocorrer se o alimento não for digerido propriamente.
    
     As estações também têm atributos parecidos com os dos três doshas e podem causar agravação e desequilíbrio. Por exemplo, o verão é quente, agudo e brilhante, o que provoca Pitta. Então doenças Pitta como queimaduras solares, tonteiras, exaustão, acne e diarréia podem ocorrer. Psicologicamente, as pessoas podem responder a ninharias com raiva e ira.
    O outono é seco, leve, frio, claro e ventoso, todas as qualidades agravantes de Vata dosha. Dores e desconfortos nas juntas e músculos podem se materializar, e a mente pode se tornar temerosa, ansiosa e solitária.
    O peso, frio e a umidade do inverno podem provocar Kapha, levando a tosse, resfriado e congestão dos sinos. Apego e cobiça podem se desenvolver na mente quando Kapha é agravado.
    A qualidade aquática da primavera também provoca Kapha e algumas pessoas tenderão a desenvolver resfriados de primavera, alergias e doenças respiratórias neste momento.
A mudança de uma estação a outra pode requerer a mudança da dieta de alguém por um período de tempo a fim de restaurar o equilíbrio.




Fazendo a quantidade certa de exercícios

     Os exercícios também devem estar em harmonia com a constituição específica. Indivíduos Kapha podem realizar os exercícios mais vigorosos; Pitta, uma quantidade média; e Vata, a mais moderada. Aeróbica, natação, caminhadas rápidas ou ciclismo são bons exercícios para Pitta ou Kapha, mas não para Vata.
     Vata tende a adorar pular e correr, mas exercícios como Yoga, alongamento e Tai Chi são melhores escolhas. Para pessoas com desequilíbrios mais sérios de Vata ou Pitta e para aqueles com mais de 80 ou menos de 10 anos, o exercício deve ser bem suave. Caminhar é provavelmente o melhor exercício para todos de todas as constituições.
     Mesmo para um indivíduo saudável, o Ayurveda sugere que o exercício seja realizado com metade da capacidade de cada um, ou apenas até quando houver suor na testa, debaixo dos braços ou ao longo da coluna. Esta quantidade de exercícios estimula o fogo gástrico, melhora a digestão e alivia a constipação, além de induzir o relaxamento e o sono profundo.
     Suar ajuda a eliminar toxinas, reduzir gordura e faz você se sentir bem. Porém, exercitar-se em demasia pode levar a desidratação e perda do fôlego, até mesmo dores no peito e dores musculares, eventualmente levando a artrite, ciática ou a alguma condição cardíaca.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

☀☁☂ Fatores que afetam nossa saúde ☃☺☹

(Texto traduzido e adaptado por mim, extraído do livro "Ayurvedic Cooking for Self-Healing", de Usha & Vasant Lad)

     Ayurveda é um caminho de cura e um modo de vida que leva em consideração a pessoa inteira. De acordo com os ensinamentos do Ayurveda, todos os aspectos da vida contribuem para a saúde geral. Uma saúde empobrecida pode ter uma causa simples ou única. Vamos cobrir apenas algumas das coisas que afetam o bem estar de cada um. Alguns fatores podem responder a mudanças, como a dieta, e alguns estão além do controle individual, como o clima. Mas em relação a este, há ações podem ser realizadas para reduzir ou eliminar o impacto.
     Não é possível, é claro, e nem mesmo sábio, tentar mudar tudo de uma vez. A literatura ayurvédica afirma que lento e perseverante é o melhor caminho para uma mudança bem sucedida. A maioria das pessoas acha que a melhor forma de começar no estilo de vida ayurvédico é a alimentação.

Os doshas

     O sentido de bem estar de cada um reflete o estado interior de saúde. Boa saúde é a manutenção da combinação única dos doshas de cada pessoa, uma condição harmonizada do agni, dos sete tecidos corporais, dos três sistemas de excreção (urina, suor e fezes), assim como a mente, os sentidos e a consciência harmonizados. Da mesma forma, é importante para cada um ter amor, felicidade e claridade no viver diário.
     Desarmonia nos doshas leva a mudanças bioquímicas internas  que eventualmente levarão ao alto ou baixo metabolismo.
     Pitta dosha governa todas as mudanças físicas e bioquímicas que acontecem dentro do corpo. Através desse processo, substâncias alimentares são transformadas em energia, calor e vitalidade. Pitta realiza essa função através da vida de cada um, mas é especialmente importante durante os anos adultos. Todas essas atividades de pitta dependem do "fogo digestivo" ou agni. Agni pobre significa saúde pobre.
     Uma dieta errada com comidas quentes apimentadas, estilo de vida equivocado num clima quente e a retenção de emoções reprimidas podem alterar o funcionamento normal do Pitta.
     Anabolismo é o processo de construção do corpo. É o reparo, o crescimento e a criação de novas células. Este processo é realizado por Kapha e é mais ativo nos bebês, crianças e adolescentes. Kapha dosha pode ser perturbado pelo consumo excessivo de laticínios, comidas frias e oleosas.
     Catabolismo é o estágio destrutivo mas necessário do metabolismo. Moléculas maiores são quebradas em menores. Esta morte molecular é governada por Vata dosha e é mais ativa na velhice. Consumo ostensivo de alimentos que provoquem Vata tais como saladas e pipoca, além de exercício em excesso, podem aumentar Vata e pertubar a saúde.

 
Hábitos alimentares impróprios

01. Comer demais
02. Comer logo depois de uma refeição completa
03. Água demais ou falta de água durante a refeição
04. Beber água gelada nas refeições ou em qualquer momento
05. Comer quando há constipação
06. Comer nas horas erradas do dia – tanto cedo demais ou tarde demais
07. Comer demais alimentos pesados ou de menos alimentos leves
08. Beber suco de fruta ou comer fruta durante as refeições
09. Comer sem fome real
10. Comer por carência emocional
11. Comer combinações de comidas incompatíveis
12. Comer besteiras entre as refeições

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os Pancha Mahabhutas - 5 grande elementos


     Pancha Mahabhutas são os cinco princípios ou elementos básicos que se originaram na energia que flui da Consciência Cósmica e por sua vez estão presentes em todas as matérias do universo. São eles: Éter (espaço), Ar, Fogo, Água e Terra.
     No início do mundo esses elementos existiam em um estado de consciência não-manifesta. Desse estado de consciência unificada, as vibrações sutis do som silencioso cósmico Aum manifestaram-se, dando ensejo ao aparecimento do elemento Éter. A partir dos movimentos sutis do elemento etéreo foi criado o Ar. Os mesmos movimentos produziram fricção, que gerou calor; as particulas de calor-energia coordenaram-se  formando uma luz intensa e, a partir dela, manifestou-se o elemento Fogo. Através do calor do Fogo, certos elementos etéreos dissolveram-se e liquidificaram-se, manifestando o elemento Água, solidificando-se depois para formar as moléculas da Terra.
     Os elementos são como estados da matéria: a Terra representa o estado sólido; a Água, o líquido; o Ar, o gasoso; o Fogo, o poder de mudar o estado de qualquer substância; e o Éter, o elemento que é ao mesmo tempo a fonte de todos os outros e o espaço onde eles existem. Dos cinco elementos, o Éter é o menos denso e a Terra, o mais denso - estes sendo extremos da manifestação de todas as matérias.
     Os Pancha Mahabhutas aparecem sempre combinados de maneira inseparável na natureza e variam apenas em sua proporção relativa para conferir as qualidades diferentes de cada substância e isso permite classificá-la de acordo com o elemento mais predominante em sua estrutura.
     Refletindo o Universo, tomando o Homem como um Microcosmo, nosso corpo também é composto pelos 5 elementos básicos. 
    Os espaços dentro dele são manifestações do elemento Éter. Os movimentos no corpo são governados pelo elemento Ar. O elemento Fogo é produzido pelo metabolismo e manifesta-se na temperatura do corpo, na digestão, na inteligência e na visão. O elemento Água é fundamental para o pleno funcionamento de órgãos e tecidos e manifesta-se nos sucos digestivos, nas secreções das glândulas e no sangue, por exemplo. Do elemento Terra derivam todas as substâncias sólidas como pele, cabelos, unhas, dentes, ossos, músculos e tendões.
     Cada um dos cinco elementos têm localizações no corpo, características ativas, sintomas sob déficit e influência em diversos processos biológicos. Cada um deles também se relaciona a um dos sentidos principais: o Éter à audição, o Ar ao tato, o Fogo à visão, a Água ao paladar e a Terra ao olfato.
     Os cinco elementos básicos se expressam no corpo humano como três princípios básicos conhecidos por tridoshas - Vata, Pitta e Kapha. Tais modelos contitutivos são conceitos únicos do Ayurveda e podem ser definidos como mecanismos que governam nosso fluxo de inteligência e de energia.

Os Textos Clássicos do Ayurveda





     Os 2 principais textos clássicos do Ayurveda são o Caraka Samhita e o Sushruta Samhita. O primeiro é um tratado de medicina interna e clínica médica, e o segundo é um tratado de cirurgia.
Segundo a tradição, o conhecimento contido no Caraka provém de Brahma, o criador, que o trasmitiu a Daksha, seu filho, que encheu o universo de seres vivos e, por sua vez, trasmitiu o conhecimento aos irmãos Ashwin, os médicos divinos, que então instruíram Indra, o rei dos deuses.
     Atreya, autor do quinto livro do Rig Veda, foi o primeiro ser humano a quem os deuses ensinaram a arte da medicina através de Indra. Após registrar o que aprendeu, Atreya passou o conhecimento para seus discípulos Agnivesha, Bhela, Jatukarna, Parasara, Ksirapani e Harita, tendo cada um deles acrescentado seu próprio comentário ao texto original de Atreya.
     Os textos de Agnivesha, que sobreviveram praticamente intactos, é que formam o corpo do Caraka Samhita, que passou a ser assim conhecido após ser revisado por Caraka. O original foi ainda reescrito e revisado por Drdhabala, resultando no texto moderno que conhecemos hoje.


     O Caraka Samhita é considerado o mais completo e detalhado texto do Ayurveda, além de constituir as bases deste sistema médico.  Caraka foi o primeiro médico a apresentar os conceitos de digestão, metabolismo e imunidade, além de observações sobre fisiologia, etiologia e embriologia, além de fundamentos de genética. A qualidade principal que o Ayurveda empresta de Caraka é a instenção de remover a causa da doença e não apenas curá-la; ou seja, a prevenção é o mais importante.
Dos livros escritos por Bhela e Harita só existem fragmentos.
     Ainda segundo a tradição, em relação ao Sushruta Samhita, a lenda modifica-se a partir de Indra, que transmite seus conhecimentos a Dhanwantari que, por sua vez, transmite, em nível terrestre, para Divodasa, rei de Kashi (Benares), que por sua vez revelou os segredos da medicina a um grupo de médicos do qual Sushruta fazia parte.
     O Sushruta Samhita é considerado de grande valor porque, além da medicina, contém descrições técnicas de cirurgias como a oftálmica, para tratamento de catarata, rinoplastia e descreve instrumentos cirúrgicos. Sushruta foi um dos primeiros a estudar a anatomia humana. Em seu tratado foi descrito o estudo de anatomia em detalhes com a ajuda de um cadáver.
     O terceiro trabalho principal em Medicina Ayurvédica é o Ashtanga Samgraha de Vagbhata, que resumiu as visões de Caraka e Sushruta e somou dados científicos originais relativos ao tratamento de doenças.